Os Estados Unidos confirmaram a imposição de tarifas sobre importações do Canadá, México e China, uma medida que entra em vigor neste sábado (01/02/2025). O governo do presidente Donald Trump defende a ação como estratégia para reduzir o déficit comercial e enfrentar questões relacionadas à segurança nacional e imigração.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, anunciou que as tarifas serão de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá, enquanto a China enfrentará uma taxa de 10%. Segundo Trump, a decisão também visa combater o tráfico de fentanil, droga sintética que ele alega estar sendo distribuída a partir desses países, causando uma crise de overdose nos EUA.
A medida alinha-se à política protecionista do governo republicano, que busca reduzir a dependência de produtos estrangeiros e fortalecer a indústria americana. A iniciativa também responde a um histórico déficit comercial com esses países. No entanto, autoridades do Canadá e México já sinalizaram que adotarão contramedidas em resposta.
Impactos no Mercado e Economia Global
As tarifas prometem afetar diretamente o comércio global e o desempenho dos mercados financeiros. A aplicação das taxas sobre a China gera preocupação entre economistas, pois pode desencadear uma nova fase da guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo. A China, por sua vez, defende a resolução das diferenças por meio do diálogo, ressaltando que disputas comerciais não beneficiam nenhuma das partes.
A influência sobre o Brasil também é significativa. O fortalecimento do dólar pode impulsionar a inflação global e aumentar a pressão sobre o Banco Central brasileiro para elevar a taxa de juros. Além disso, a possível desaceleração da economia chinesa impactaria a demanda por commodities brasileiras, afetando diretamente a balança comercial nacional.
A fuga de capital para os EUA, impulsionada por juros elevados no país, pode resultar em um aumento da taxa Selic no Brasil, o que encarece o crédito e reduz investimentos. Além disso, uma desaceleração da economia chinesa pode levar a uma menor demanda por produtos brasileiros, impactando setores como o agronegócio e mineração.
No entanto, há setores brasileiros que podem se beneficiar. Durante a primeira guerra comercial entre EUA e China, o Brasil aumentou suas exportações de soja e carne para o mercado chinês, substituindo os produtos americanos. Esse movimento pode se repetir, fortalecendo o agronegócio brasileiro. Entretanto, especialistas alertam que a dependência excessiva da China pode ser um risco caso a economia chinesa desacelere.
Expansão das Tarifas: União Europeia e Energia
Pouco tempo após a confirmação das tarifas sobre China, México e Canadá, Trump indicou que pretende aplicar sanções semelhantes sobre produtos da União Europeia, decisão que pode ter impactos significativos na relação entre EUA e Europa. Ele justificou a ação alegando que o bloco “não tem tratado bem os EUA”. O governo norte-americano também estuda taxar o setor de petróleo e gás, com possível implementação a partir de 18 de fevereiro.
A imposição dessas tarifas pode trazer impactos diretos para o mercado global de energia, afetando preços e influenciando políticas energéticas de diversos países. Dependendo da abrangência das sanções, o Brasil pode ver oscilações nos preços do petróleo, impactando setores que dependem diretamente desse recurso.
O aumento das tarifas e a incerteza sobre a política comercial dos EUA reforçam um cenário global instável. Para o Brasil, essa dinâmica significa desafios, como pressão inflacionária e risco de desaquecimento industrial devido à entrada de produtos chineses a preços competitivos. Ao mesmo tempo, abre espaço para o crescimento das exportações do agronegócio e da industria nacional.
Com os desdobramentos da nova rodada de tarifas, especialistas alertam para uma reconfiguração do comércio internacional, onde países precisarão se adaptar rápido para minimizar impactos negativos e aproveitar oportunidades emergentes de fazer negocios.