Fonte: Funai
A Fundação Nacional do Índio (Funai) segue acompanhando de perto o recente contato voluntário de um indígena isolado na região de Mamoriá Grande, no Amazonas, ocorrido em 12 de fevereiro de 2025. No mesmo período, outro caso de contato envolvendo um indígena de uma tribo não contatada foi registrado em Bela Rosa, uma comunidade rural no sudoeste da Amazônia. O indígena, identificado como um jovem de um grupo isolado, apareceu na localidade por volta das 19 horas, fazendo contato com os moradores e pedindo ajuda.
Primeiras Ações de Proteção
No caso de Mamoriá Grande, o indígena isolado foi encontrado nas proximidades de uma comunidade ribeirinha, a cerca de cinco quilômetros da Base de Proteção Etnoambiental Mamoriá Grande. A Funai imediatamente ativou seu plano de contingência, enviando equipes da Frente de Proteção Etnoambiental (FPE) Madeira Purus e da Coordenação-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato (CGIIRC) para o local. As equipes estão monitorando a situação e assegurando que o indígena seja tratado de forma adequada enquanto aguarda a chegada de médicos e servidores para continuar a avaliação e proteção no território.
A situação de Bela Rosa também gerou grande preocupação. O indígena, que se encontrava descalço e vestindo apenas um tapa-sexo, entrou na comunidade e fez sinais com dois paus, aparentemente pedindo fogo. A população local filmou o momento, e logo o homem foi alimentado com peixe antes de ser levado para uma instalação da Funai. A Funai ativou o plano de contingência para garantir que ele recebesse os cuidados médicos necessários.
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Desafios e Ameaças aos Povos Isolados
O contato com indígenas isolados, como o ocorrido em Mamoriá Grande e Bela Rosa, é sempre um momento delicado. As populações indígenas não contatadas vivem de forma autossustentável e com pouco ou nenhum contato com a sociedade externa, o que torna sua exposição ao mundo moderno extremamente arriscada. Um dos maiores perigos que esses grupos enfrentam são as doenças trazidas por visitantes, como sarampo e gripe, doenças às quais eles não possuem imunidade, resultando em taxas de mortalidade muito altas após o primeiro contato.
A Funai é clara ao afirmar que o contato com essas populações deve ser evitado sempre que possível. Isso porque, muitas vezes, esse contato resulta em doenças e até na extinção parcial de tribos isoladas, como é o caso de diversas tribos na Amazônia. No entanto, com o avanço da especulação fundiária, a busca por recursos naturais e a pressão de interesses de mineradores e madeireiros, os povos isolados da Amazônia enfrentam uma ameaça crescente e imediata à sua sobrevivência.
Interdição e Proteção dos Territórios Indígenas
A Funai tem trabalhado para proteger as áreas onde esses grupos vivem, como no caso de Mamoriá Grande. Em 2024, a Fundação publicou uma portaria de restrição de uso para essa área, com o objetivo de garantir a segurança dos povos indígenas isolados da região. A medida visa impedir a exploração de recursos naturais e restringir o acesso de terceiros, especialmente os invasores que frequentemente ameaçam as populações locais e a biodiversidade.
Em relação ao jovem indígena de Bela Rosa, a Funai está monitorando a situação com o auxílio de um membro da tribo Juma, que é fluente na comunicação com outros grupos indígenas. A expectativa é que ele consiga estabelecer uma forma de comunicação com o indígena isolado e determinar suas intenções e necessidades.
O Impacto da Especulação Fundiária e Conflitos Locais
A área de Mamoriá Grande enfrenta uma série de desafios devido à especulação fundiária e a conflitos locais. A Funai vem realizando um trabalho contínuo de monitoramento da região, mas a falta de respaldo legal para fiscalizações adequadas antes da publicação da portaria tem dificultado o controle completo sobre a área. A pressão de madeireiros e mineradores também é uma constante ameaça, já que as terras indígenas e as reservas extrativistas frequentemente se tornam alvo de disputas por recursos naturais.
Medidas para Garantir a Sobrevivência dos Povos Indígenas Isolados
A Funai, em conjunto com outras entidades, trabalha para preservar os direitos dos povos indígenas e proteger seus territórios. As equipes da Fundação realizam monitoramentos constantes e colaboram com as comunidades locais para garantir que os indígenas isolados possam continuar a viver em seu habitat natural, sem interferências externas.
No caso específico de Mamoriá Grande e Bela Rosa, o contato com os indígenas isolados reforça a importância de ações coordenadas e imediatas para preservar suas vidas e culturas. As medidas adotadas pela Funai visam não apenas a proteção física desses indivíduos, mas também a preservação de seu modo de vida, livre da exploração de recursos e da ameaça de doenças e violência.
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