Fonte: The Guardian
Nos últimos anos, o PCC (Primeira Capital do Comando), uma das organizações criminosas mais poderosas do Brasil, tem se expandido para mercados internacionais, e a Austrália está entre os novos alvos. Fundada em uma prisão de São Paulo, no Brasil, em 1993, a facção começou suas atividades com o tráfico de drogas, mas, ao longo dos anos, passou a controlar rotas importantes para a distribuição de cocaína, envolvendo países da América Latina, Europa, África e, mais recentemente, a Ásia e a Oceania.
O PCC no Cenário Internacional
O PCC, que ganhou notoriedade após o massacre de 111 presos na penitenciária de Carandiru, começou a expandir suas operações para além dos muros das prisões brasileiras, inicialmente com o tráfico de drogas locais. Com o tempo, a organização se diversificou, alcançando produtores de cocaína na Colômbia, Peru e Bolívia, consolidando-se como um dos maiores fornecedores de cocaína para a Europa.
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Nos últimos anos, a organização tem intensificado sua atuação em mercados internacionais de alta rentabilidade, e a Austrália se tornou um novo ponto estratégico para suas operações. De acordo com o relatório do Instituto de Política Estratégica da Austrália, o PCC já não se limita a fornecer drogas para traficantes locais, mas está agora gerenciando de forma mais ativa suas operações no país, refletindo uma mudança significativa em sua estratégia.
O Mercado de Drogas da Austrália: Uma Oportunidade Lucrativa
A Austrália, com sua alta demanda por cocaína e um mercado relativamente estável, se apresenta como uma oportunidade atraente para organizações criminosas. O relatório de Rodrigo Duton, oficial da polícia brasileira, destaca que, embora o PCC tenha começado suas operações no país em 2020, com a apreensão de 552 kg de cocaína em caixas de polpa de banana congelada no porto de Sydney, o crescimento da facção no território australiano está em expansão. Em 2022, um mergulhador brasileiro foi encontrado morto com 52 kg de cocaína perto do porto de Newcastle, evidenciando as novas táticas da organização para o tráfico de drogas.
A diferença de preço do quilo de cocaína entre os países produtores e a Austrália é um fator chave para a atração do PCC. Enquanto na Colômbia o preço é de cerca de 2.400 libras, na Austrália ele pode chegar a impressionantes 127.000 libras, o que torna o mercado australiano extremamente lucrativo.
A Tática do PCC: Diversificação e Inovação
Uma das táticas utilizadas pelo PCC para o transporte da droga é a utilização de contêineres de carga, especialmente com produtos congelados, que dificultam a detecção pelas autoridades. Além disso, a facção recorre a mergulhadores, como no caso trágico de Bruno Borges Martins, que tentou recuperar pacotes de cocaína presos ao casco de um navio. Este método demonstra a sofisticação e a capacidade de adaptação do PCC, que tem investido em estratégias inovadoras para driblar a fiscalização e garantir a chegada de suas mercadorias.
Colaboração Internacional no Combate ao Crime
O crescente poder do PCC na Austrália levanta questões sobre a eficácia das estratégias de combate ao crime transnacional. Duton acredita que a expansão do PCC no país só pode ser contida por meio de uma colaboração mais estreita entre as forças de segurança da Austrália e do Brasil, além de um maior foco em operações de combate à lavagem de dinheiro e no reforço da segurança nas fronteiras.
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A Solução: Regulação das Drogas
Embora as autoridades se concentrem no combate ao tráfico de drogas, o jornalista Bruno Paes Manso acredita que a solução para a questão do tráfico no Brasil e em outros países passa pela regulação das drogas. Segundo ele, a simples proibição das substâncias e a prisão dos criminosos não têm sido eficazes, pois a demanda continua alta, e as redes de tráfico permanecem operando.
A Expansão do PCC: O Futuro
Embora a presença do PCC na Austrália ainda seja incipiente, especialistas alertam para o potencial de crescimento da facção no país. A combinação de alta lucratividade, táticas inovadoras e a falta de uma estratégia eficaz para controlar o tráfico de drogas torna o PCC uma ameaça crescente, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo. A cooperação internacional e a regulação das drogas podem ser o caminho para enfrentar esse problema global.